Any une caneta e papel, de um simples bilhete, relata o trovão...
Algo me entristece. E como! Essa dependência maluca de atenção, de receber, de ganhar... E o dar? E o doar? E o se doar? Vantagens, promoções relâmpago, imperdível, só amanhã... Que dor! Como o meu coração doi. Quanta amargura e turbidez! Imensa vontade de jogar tudo para o alto, sair correndo, saiam, me esqueçam! Anseio por gritar, por me esconder, por tentar esquecer de tudo, por querer retroceder e nunca ter vivido. Tão sombrio. Tamanha a minha ingratidão. Passos trôpegos, com medo de seguir. Tantas exigências e formalidades... E eu? Eu como sou, pode ser? Fora das regras mais pesadas que as toneladas representadas por um elefante. Coração bobo, como criança, clama, acredita, se deixa envolver, logo depois é derretido pela rejeição. “Ninguém me ama, ninguém me quer? Para que tudo isso? Por que ainda estou aqui?”
O que mantém... O que me sustém é o propósito. É porque sei que há um motivo, muito maior do que o ansioso coração que bate em mim. Cansei, cansei de reclamar, de tentar entender, lutar para respirar tão adequadamente que não irrite ninguém, nem meus próprios ouvidos. Não dou conta. Acho que nunca darei.
Quão horripilante é onde as emoções deixam cair o meu coração. Está me sugando, me puxando, não tenho com quem contar, ninguém audível, ninguém palpável... Anseio por ver, por tocar, por sentir, porém, nada. Nadar é o que há. Não resta mais nada além de nadar.
Até quando tudo isso irá me roubar? Somente atrofia meus impulsos, me retrai num esconderijo de onde ninguém está capacitado a me tirar.
“Lázaro, venha!” E se eu não despertasse? E se eu não quisesse despertar? Passos, um a um, continuo. Não por meu querer, pois é algo maior que o meu ser. Leva-me para fora, onde ainda há uma luz. A Luz. Propósito. Sentido. Intraduzível, mas ainda dá para respirar. Paz que excede todo o entendimento. Sempre aqui. Online. Mais instantâneo que qualquer miojo. 24 horas. Imerecidamente meu.
Texto por Amanda Moro
Comentários
Postar um comentário