Sou um simples garoto de quatorze anos. Empolgo-me com facilidade na primeira oportunidade que me é dada. Luto para enfrentar a dura matemática, não somente da escola, mas da vida. O preço da passagem do ônibus, o tempo para entrar numa faculdade, o salário mensal, a carteira de motorista, o primeiro romance, a casa, o carro e por aí vai. Coisas comuns de um ser humano comum. Quem nunca?
Em sala de aula, reflito sobre a crise de 1929 e as guerras mundiais. Povo desesperado! Quem é que gira em torno de quem? Não estudaram sobre o funcionamento da nossa galáxia? Rosa de Hiroshima, sempre na memória. Quantos "Hitlers" serão necessários para o nosso planeta acordar? Neurônios já se adiantaram em sua despedida e a próxima partida de xadrez que ficou para amanhã ainda me aflige. E agora, Vietnã? Quão triste foi o fim de Policarpo Quaresma! E essa louca história de Bentinho ainda é o x da questão do nosso problema social. Nostalgia é a resposta. Mas o valor já oscilou o suficiente para que tudo se perdesse, assim como aquela minha antiga moeda de um centavo que não vejo há alguns meses. Era tão comum... Mas tudo passa.
Prova de matemática e eu almejando por pincel e uma tela, só para misturar umas cores e compor meus pensamentos. Tantos teoremas persistem em querer que eu os compreenda e prossigo a refletir porque a minha mente não quer estar presente para me libertar logo desse momento tão consequente do quociente que virá a seguir. Toca logo sinal! Por que não revisei antes? Pássaros voam assim como todo o porquê que já me explicaram trocentas vezes e ainda não entenderam que, desde a torre de Babel, as nossas línguas são distintas.
Ufa! Enfim, casa, chá, paz, cama. Meus olhos não querem fechar, estão fitos em algo maior. Como em um Apollo, gostaria de levitar... Desapareça, gravidade! Ao menos, por um instante! Pare com essa insistência de manter meus pés no chão. Quanta pressão mais impressionante que notada em uma simples panela que prepara meu feijão de amanhã. Nem são vinte e uma horas e já estou na madrugada da lua nova. A hora em mim está sob parâmetros controversos. Não mais confusos do que os versos deste universo paralelo. Por que parar para refletir? Só para os meus ponteiros discutirem sobre uma emoção que anseia por vencer da razão.
Sol do meio-dia vem e mais uma manhã também. Ainda estou na página seis da primeira vez que eu te olhei. Quando captei que, de nada adianta tudo se explicar, se eu não me deixar levar pela empolgante descoberta de cada nova palavra sob um lírico raiar. Manteiga derretida, pesquisa introvertida, encontrar os porquês parecem solução, porém, não mais do que segurar em Sua Mão. Que tal uma outra opinião? Lá vem mais uma discussão...
Texto por Amanda Moro
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